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Igreja Matriz de Mesão Frio , datada do século XIV

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Roberto Sandoval : rlavodnas@gmail.com ou rlavodnas@yahoo.com.br

Introdução :

História de Mesão Frio

Conta a história que Mesão Frio terá nascido no local que muito mais tarde envolveria a Igreja de S. Nicolau, mandada construir, segundo se diz, pela rainha D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques.
Com certeza, apenas se sabe que o germe desta terra foi uma daquelas albergarias (mansiones) existentes nas principais vias do Império Romano destinadas inicialmente a agasalhar os viandantes nos seus itinerários, a estabular os animais e a servir de estação de muda de cavalos, daí que, a data de nascimento deste povoado se possa atribuir aproximadamente ao início do século III.
O actual nome desta vila provém, assim, de uma longa evolução linguística, semântica e gráfica da “mansionis frigidae”.
A primeira vez que aparece este lugar grafado de “mansion frigido” resultante da adulteração dos vocábulos femininos “mansione frígida”, foi em 1059 no “Inventario de omnes hereditates sive et ecclesia de Vimaranes”, do monarca leones Fernando Magno, isto é, 120 anos antes de D. Afonso Henriques haver sido reconhecido como rei.
Ao longo dos séculos, este termo toponímico sofreu diversas variações na grafia do seu vocábulo, descrita em vários documentos, que são inevitavelmente a consequência lógica da evolução da língua portuguesa. O comodismo ou aglutinação do linguajar do povo conduziu a uma evolução progressiva, até ao seu nome actual: Meijon Frio, Meijó Frio, Mey Johan Frio, Meyon Frio, Meyão Frio, Mezam Frio… e Mesão Frio.
Este termo toponímico é comum a outras terras portuguesas, todavia, entre todas estas localidades homónimas, o Mesão Frio “duriense” é, sem dúvida, o mais importante.
O desenrolar do tempo e a consequente atracção da circunvizinhança definiram os contornos do primitivo concelho de Mesão Frio, cuja vivência se situa, por isso, muitos séculos antes da outorga do primeiro foral em Fevereiro de 1152 por D. Afonso Henriques e que viria a ser confirmado por D. Afonso II, em Trancoso, no dia 15 de Outubro de 1217. Três dias antes do dia de Santo André do ano de 1513, o rei D. Manuel I concedeu-lhe “foral novo” (peça disponível no Arquivo Histórico da Câmara Municipal).
Antigamente , era excêntrico pretender-se nobilitar as terras, atribuindo-lhes como fundador alguém com nome semelhante ao delas. Mesão Frio, não escapando a esta extravagância, tomou em tempos idos para seu fundador um tal “Esteves Gracia Monzon Friwn” que, no ano de 942, reinando Ramiro II em Leão, teria entrado pela foz do Douro com outros cavaleiros franceses aventureiros que foram pegando os seus nomes às terras em que foram ficando. Esta é, pois, a origem lendária criada pelo imaginário de quem não se deu ao trabalho de escavar as verdadeiras raízes de Mesão Frio, quiçá levado por um túmulo em pedra que, juntamente com outros seis, então existia no muro do adro da igreja de São Nicolau, monumento funerário este que, por ter esculpidas as armas da cavalaria francesa, induziria a fundação desta terra à custa duma fase histórica dominada pela vinda de numerosos cavaleiros franceses movidos pela façanha da Reconquista (718-1492).
Conta a história antiga que este lugar foi povoado pelos pedreiros que fizeram a ponte Henriques mandada construir em Barqueiros pela rainha D. Mafalda que, pelo que se vê, muito quis a estes sítios (para esta construção o marido deixou no testamento 3000 maravedis, dela restando apenas um pedregulho e, submersos no rio Douro, dois pilares, facto que deu o nome de Pilar ao local onde se encontram por corruptela de pilar).
Local onde estão mergulhadas as ruínas da antiga ponte
Diz ainda que tinha um rego pelo meio da rua, de fundo a cima, dividindo a povoação em dois concelhos, cada um com o seu mestre de pedreiros, juiz e oficiais (este rego ainda existe e esteve à vista até 1948, tendo tido por ele o seu curso “a água de rega dos Ameais” que foi motivo de grandes brigas com Vila Marim no tempo do rei D. Sancho I).
A ter sido exactamente assim, ou se esteve perante o repovoamento deste lugar por aqui se ter dado o despovoamento entre os séculos VIII e IX ou, então, a dar créditos aos medievalistas que se opõem à teoria do ermamento total do território devido às vicissitudes das guerras e alternativas de domínio, deu-se apenas, e mais uma vez, um albergamento, embora desta feita com características muito peculiares. O primeiro povoamento fez-se, com efeito, à volta da “mansionis frigidae”, albergaria que foi privilegiada com o estatuto de “bemfeitoria” ou “beetria” (corruptela de “bemfeitoria”), vindo a ser “vila”.
Segundo alguns historiadores da antiguidade, além de Mesão Frio, só mais 9 povoações foram “beetrias”, o que lhes permitia eleger um senhor, exercer o domínio das suas terras e pagar tão só uma renda ou censo.
Mesão Frio, no reinado de D. Manuel I, já contava com as povoações de Cidadelhe e Vila Marim como fazendo parte do seu concelho que inicialmente apenas teria compreendido o território das actuais freguesias de Santa Cristina e de São Nicolau, bem como a parcela de Vila Jusã que integra a vila e que antigamente era chamada de “Meigõ frio de jusão”, situada a par do “Meigõ frio de susão” (só a partir dos meados de 1916 foi criada a unidade administrativa com o nome de “freguesia” em substituição da unidade eclesiástica denominada “paróquia”).
As povoações de Barqueiros, Oliveira e Vila Jusã só mais tarde seriam aglutinadas a Mesão Frio. De facto, Barqueiros, até então concelho, e os povos de Oliveira e Vila Jusã, pertencentes ao concelho de Santa Marta de Penaguião, juntaram-se-lhe por força do decreto de 6 de Novembro de 1836, que também integrou no território mesão-friense o antigo concelho da Teixeira e as freguesias de Frende, Loivos da Ribeira e Teixeiró, do concelho de Baião. A aglutinação destas quatro circunscrições foi, porém, passageira, pois logo passariam para a jurisdição daquele concelho pela carta de lei de 27 de Setembro de 1837 por motivo de uma pendência de águas ocorrida em meados de 1835 entre Mesão Frio e o concelho da Teixeira, o que viria a gerar um certo irredentismo e uma situação paradigmática duma incongruente divisão administrativa do País que ainda persiste.


Capítulo I - Antonio Vaz Guedes

Natural de Mezamfrio (atual Mesão Frio) , Portugal , nascido pelos anos de 1520 , que casado com Margarida Correa veio residir na Capitania do Espírito Santo onde nasceram os filhos seguintes :

2 - Merencia Vaz : natural da Capitania do Espírito Santo, foi casada com Luiz Monteiro, filho de Antonio Rodrigues de Alvarenga e de Anna Ribeiro; faleceu em 1606 em Santos e seu marido em 1609 em São Paulo. Com geração no V. 5. , pág. 285 , GP.

2 - Gaspar Vaz Guedes , que segue no capítulo seguinte

2 - Ana Correa : foi casada com o sargento-mor Antonio Pedroso de Alvarenga ( V. 5.º pág. 423 , GP). Sem geração.

No testamento de Francisco Godinho , na Vila de São Paulo , aos 25/06/1610 , declarou que : "Declaro que no Espirito Santo me deve um Antonio Vaz Guedes aí morador".
Portanto , Antonio Vaz Guedes era morador e provavelmente vivo , naquela época , no Espírito Santo.

Capítulo II - Gaspar Vaz Guedes

Natural da Capitania do Espírito Santo , nascido por 1540 , bandeirante da bandeira de Antonio Raposo Tavares, na sua entrada ao Guairá, em 1628, casado em  SP com Francisca Cardoso, falecida em 1611, SP, filha de Braz Cardoso, natural de Portugal, um dos fundadores de Mogi das Cruzes, e sua mulher. Francisca da Costa, com 11 filhos, e não 10, como está em SL.8.536, entre os quais: (AS.11.279 e DB.193).
Obs.: Gaspar era, provavelmente, o tronco deste título, na Nobiliarchia, de Taques, já que ele mandava seus filhos para capítulos diferentes.
Mogi das Cruzes começou como um povoado, por volta de 1560, servindo como um ponto de repouso aos bandeirantes e exploradores indo e vindo de São Paulo, entre eles Brás Cubas. Gaspar Vaz Guedes foi responsável pela abertura da primeira estrada entre à Capital e Mogi, iniciando o povoado, posteriormente elevado à "Vila", com o nome "Vila de Sant'Ana de Mogi Mirim". O fato foi oficializado em 1ð de setembro de 1611. Em 13 de março de 1865 foi elevada à cidade, e em 14 de Abril de 1874 à comarca.

Invasão portuguesa

A partir de 1627 começaram os ataques bandeirantes em busca de indígenas fora das reduções e a partir de 1629 começaram a atacar também as reduções do Guairá. Em 1628, os Bandeirantes Antônio Raposo Tavares e Manuel Preto construíram um forte na margem esquerda do Tibaji. Os indígenas sobreviventes concentrados nas duas únicas reduções restantes intactas (Loreto e San Ignacio Mini), no final de 1631, conduzidos pelo padre Antonio Ruiz de Montoya protagonizaram o Êxodo Guairenho, onde cerca de 12 mil indígenas e 700 embarcações viajaram rio abaixo pelo Paranapanema e, em seguida, pelo Paraná. Perto das Sete Quedas, "encomenderos" da Ciudad Real tentaram impedir a expedição, mas tiveram que desistir, pois os índios passaram as quedas por terra onde perderam muitos de suas embarcações. Ali se uniram a eles cerca de 2000 Guaranis provenientes das reduções de Tayaoba guiados pelo Padre Pedro Espinosa. Após grandes dificuldades divididos em grupos que avançaram por terra e pelo rio, conseguiram atingir as reduções de Natividad del Acaray y Santa María del Iguazú e onde receberam ajuda para continuar pelo o Paraná até que em março de 1632 refundaram San Ignacio Miní e Nossa Senhora do Loreto, nas margens do córrego Yabebyry. Apenas 4.000 Guaranis conseguiram chegar.
Os Bandeirantes atacaram em 1631 e 1632 a Ciudad Real del Ciudad Guayrá e Villa Rica do Espírito Santo. Villa Rica foi cercado por três meses em 1632 e, em seguida, mudou-se para oeste do rio Paraná. Finalmente em 1638 a Ciudad Real Guayrá foi arrasada terminando com o domínio espanhol no Guayrá.
O avanço sistemático dos Bandeirantes pelo leste e a passividade das autoridades espanholas - pois tentavam evitar conflitos dentro da “união dinástica aeque principaliter” – obrigou os espanhóis do Guayrá a recuar para a margem direita do rio Paraná, transferindo suas aldeias.
Em 1750, o Tratado de Madri estabeleceu os limites entre Espanha e Portugal, abolindo a linha do Tratado de Tordesilhas, reconhecendo o território de Guayrá como Português.


Inventário e Testamento de sua mulher Francisca Cardoso

Francisca Cardoso
Inventário e Testamento

Vol 3, fls 3 a 17
Juiz: Pedro Taques
Escrivão: Simão Borges
Avaliadores: João da Costa e Antonio Lopes
Local: Vila de São Paulo, no arrabalde dela da banda de alem da casa do bemaventurado Santo Antonio, nas pousadas donde pousa Gaspar Vaz que é nas pousadas de Bartholomeu Gonçalves.
Testamento: 1611
Inventário: 1611
Declarante: Gaspar Vaz, o viúvo

fls. 6 - Testamento (resumo)

(...) aos 11-3-1611 eu Francisca Cardoso ordenei fazer esta cédula de testamento.
(encomendações pias)
Declaro que  sou casada com Gaspar Vaz meu legitimo marido do qual tenho tres filhos varões e oito filhas.
Declaro que da fazenda que se achar a terça deixo a meu marido para que faça bem pela minha alma (...) lhe peço que dê a Nossa Senhora da Conceição de Itanhae sete arreis de cêra, e uma esmola a Nossa Senhora do Carmo e meu corpo enterrado em sua igreja.

(....)_.
E pedi ao padre João Alvres que o fizesse e assinasse por eu não saber fazer meu sinal e ás testemunhas que presentes se acharam João de Almeida, Gaspar de Pinha, João de Pinha, Antonio da Paz, Antonio de Proença. Assino por ela e por mim, o padre João Alvres - Francisco Vaz Coelho - Braz de Piña - Antonio de Proença - João de Almeida - Gaspar de Pinha - João de Pinha - Antonio da Paz.
Cumpra-se assim e da maneira que nele se contem em São Paulo, 14 de março de 611 anos., Pedro Taques.

Filhos que ficaram da defunta solteiros:
- Antonio Vaz
- Braz Cardoso
- Gaspar
- Catharina
- Francisca
- Izabel
- Domingas
- Anna
- Mecia
- Maria

seguem-se avaliações.
E por não haver nesta vila mais que avaliar e os avaliadores não poderem ir a Mogy-mirim por ser muito longe a mais de doze léguas desta vila (...) o juiz houve por bem dar juramento a dois homens lá moradores que é Francisco Vaz Coelho e Braz de Pinha para que bem e verdadeiramente avaliassem toda a fazenda que em Mogy mirim o dita Gaspar Vaz desse a inventário (...)

segue-se a avaliação da dita fazenda.

seguem-se as dividas a diversas pessoas.
mais:
- deve o dito Gaspar Vaz a Merencia Vaz sua irmã, mulher que foi de Luiz Monteiro 84$620 réis.
- outrossim no dito inventário de Luiz Monteiro a Antonio Rodrigues pai do dito Luiz Monteiro defunto 48$250 réis.
- e outrossim deve ao dito Antonio Rodrigues 12$125 réis que é a metade da terça que herda de seu filho Luiz Monteiro o que tudo se acha dever o dito Gaspar Vaz no inventário de seu cunhado Luiz Monteiro. 12$125 réis.

Acha-se dever o dito Gaspar Vaz 233$460 réis.
Restam 16$780 réis que se hão de partir com os filhos do dito.

Cabe a Gaspar Vaz 8$390 réis.
E as herdeiros que são dez outro tanto que são 8$390 réis.

Gaspar Vaz Guedes e sua mulher Francisca Cardoso deixaram os filhos seguintes :

   3 - Antonio Vaz Cardoso

   3 - Braz Cardoso

   3 - Gaspar Vaz Cardoso

   3 - Catharina Dias  , que segue no capítulo seguinte

   3 - Francisca Cardoso

   3 - Izabel Cardoso

   3 - Domingos Cardoso

   3 - Anna Vaz

   3 - Mecia Vaz Cardoso


   3 - Maria Vaz Cardoso

Capítulo III - Catharina Dias

Nascida pelos anos de 1600 , foi casada com Jose Preto (Pimentel)  , nascido por 1590 e falecido em 1653 em Mogi das Cruzes , SP , filho de Antonio Preto , português , e de sua mulher Antonia González , natural de Sevilha , Espanha , falecida em 1616.

José Preto Pimentel , paulista , falecido em  1649 ou 53 em  Mogi das Cruzes , SP , sertanista , foi ao Guaira em 1628, casado em 1611 com Catarina Dias , filha de Gaspar Vaz Guedes e Francisca Cardoso. (Em Vaz Guedes), c.ger. em SL.8.269 (Tít. Pretos).

Sebastião Preto - bandeirante natural de São Paulo foi irmão de Manuel Preto e de Jose Preto , outro grande sertanista. Eram filhos de um Antônio Preto, natural de Portugal, vindo na armada de D. Diogo Flores de Valdés a Santos com sua mulher Antônia Gonzalez , de Sevilha, morta em 1616.
Antônio Preto chegou a São Vicente com seus filhos na segunda metade do século XVI e, segundo Silva Leme na Genealogia Paulistana , prestou relevantes serviços nas guerras contra os gentios e corsários. Foram seus seis filhos: João Preto, morto solteiro em 1638; José Preto; Sebastião Preto, objeto deste verbete; Manuel Preto; Inocêncio Preto, ouvidor da capitania de São Vicente, casado com Maria Moreira, filha do Governador Pedro Álvares Cabral e de Susana Moreira, que faleceu testado em 1647; e Domingas Antunes, morta em 1624, casada com Gaspar Fernandes morto em 1600. José Preto foi casado com Catarina Dias, filha de Gaspar Vaz Guedes e de Francisca Cardoso, sendo moradores de Mogi das Cruzes onde ele morreu em 1653.
Atacou em 1612 uma redução jesuítica na província do Guairá prendendo centenas de índios, muitos deles retomados pelo governador de Ciudad Real, Bartolomeu de Torales, que lhe saiu no encalço e o atacou quando no caminho de volta a São Paulo. Em 1615, foi nomeado capitão de infantaria permanente da vila de São Paulo pelo capitão-mor governador Paulo da Rocha de Siqueira. Foi com socorro a Santos e a São Vicente, cujos portos os holandeses bloqueavam.
Em 21 de agosto de 1623 fez testamento e em boa hora, pois morreu no atual baixo Mato Grosso, sertão dos índios então chamados abueus, de flechada.
Casou antes de 1613 com Maria Gonçalves Martins, filha de Francisco Martins Bonilha, de Castela, cunhado do general Diogo Flores de Valdés ou Bardez, companheiro de seu pai na armada e povoador do estreito de Magalhães.

Sesmaria de Jose Preto e também sesmaria de seu genro João Portes del Rei :

Sesmarias
Documentos Publicados pelo Arquivo do Estado de São Paulo
Tipografia Piratininga, SP, 1921
VOLUME I


João Portes del Rei, José Preto, Gaspar Cardoso – 1641 - de Mogi das Cruzes, filhos e netos de povoadores, terras no rio Paraíba arriba, junto de Henrique da Cunha e seu genro Antonio Vieira.

Observações indicadas na GP (Genealogia Paulistana de Silva Leme) em Título Pretos , pág. 269 , GP :

 Gaspar Cardoso Preto e seu irmão Paulo Preto, por falecimento de seu irmão José Preto § 2.º, provaram a nobreza dos Pretos e obtiveram sentença de genere para o efeito de receberem a herança do dito seu irmão com exclusão da f.ª bastarda - Anna do § seguinte.

As armas dos Pretos vêm incluídas no brasão de armas concedidos a José Gregório de Moraes Navarro Leme, descrito no Cap. 4.º §1.º deste Tit.

(1) Em 1799 obteve José Gregorio de Moraes Navarro Leme o seu brasão de armas, que é o seguinte:

"Escudo esquarletado; no 1.º as armas dos Pretos, que são esquarletadas, o primeiro e quarto composto de seis palas de ouro e azul, o segundo e terceiro xadrezado de ouro e azul de seis peças em faixa e outras seis em pala; no 3.º as armas dos Moraes, escudo partido em pala, na primeira em campo vermelho uma torre saindo de um rio de água, sendo a torre de prata coberta de ouro, tendo uma bandeira de prata no remate, na segunda em campo de prata uma amoreira verde; no 3.º quartel as armas dos Lemes, em campo de ouro, cinco merletas de sable em santor; no 4.º as dos Oliveiras, em campo vermelho uma oliveira verde, com raízes, perfis e frutas de ouro. Elmo de prata aberto guarnecido de ouro, paquife dos metais e cores das armas, timbre um braço de negro nu, com um bastão de ouro da mão."

Des. José Gregório de Moraes Navarro Leme, n. 1761, Pitangui, "descendente dos Lemes", formado em 1782, em Coimbra, foi despachado para criar o lugar de juiz de fora de Paracatu do Príncipe, depois foi Ouvidor Geral da Comarca de S.J. d´El-Rei, em 1811. (Ef.2.497 e SL.8.282).
              Sua Carta de Brasão de Armas, constante da obra "Archivo Heráldico-Genealógico", do Visconde de Sanches de Baena (Lisboa, Tipografia Universal, 1872, fls. 386), mais completa que o resumo publicado por Silva Leme, foi gentilmente enviada pelo Sr. Felipe Gabriel de Vasconcelos, de Sete Lagoas, MG:

- Obs.: Entretanto note que o renomado genealogista Marcelo Meira do Amaral Bogaciovas, em sua tese "Tribulações do povo de Israel na São Paulo Colonial", alerta sobre 3 enganos contidos no original desta Carta de Brasão: O Rafael de Oliveira citado não deveria ter o sobrenome Galhardo; o suplicante não seria terceiro, mas sim quarto neto de Manoel Preto, fundador da Igreja de Nossa Senhora do Ó; e, pela época, o Rafael de Oliveira citado não poderia ser filho (ou neto? Veja adiante) de Jorge Moreira, que veio em 1531.

              "José Gregório de Moraes Navarro Leme, despachado para ir criar o lugar de Juiz de Fora da Vila de Paracatu do Príncipe, na Capitania de Minas Gerais, natural da Vila de Pitangui da dita Capitania; filho do Capitão-Comandante João de Moraes Navarro, senhor das lavras de ouro da Gameleira, do Campinho do Vieiro, e do Engenho da Cachoeira do Pará, e de D. Ângela Cordeiro Soares de Oliveira; neto pela parte paterna do capitão Manoel Preto Rodrigues, um dos primeiros povoadores de Pitanguí, descobridor das minas de ouro nas margens do rio São João, termo da mesma vila, primeiro senhor e possuidor das ditas lavras da Gameleira, do Campinho, e do Vieiro, e de sua mulher D. Francisca Siqueira de Moraes; neto pela parte materna do capitão Gonçalo Ribeiro Nilo, o qual foi também um dos primeiros povoadores de Pitanguí, senhor do engenho da Cachoeira do Pará, e de D. Ana Moreira Cordeiro; bisneto por parte paterna de Manoel Dias Rodrigues, e de D. Ana Maria de Oliveira; terceiro neto de Manoel Preto, fundador da Igreja de Nossa Senhora do Ó, no Bispado de São Paulo; quarto neto de Antônio Preto, o qual passando deste reino para a Capitania de São Vicente em 1652, foi um dos seus primeiros povoadores, fazendo serviços nas guerras contra os gentios e corsários com gente armada a sua custa, sendo chefe da família de seu apelido naquela capitania; sendo o suplicante por sua avó paterna D. Francisca Siqueira de Moraes, bisneto de Antônio Leme do Prado, e por esta legítimo descendente de Pedro Leme, Fidalgo da Casa Real, e de D. Francisca Siqueira Baruel de Moraes, pela qual era o suplicante descendente de Baltazar de Moraes Antas, Fidalgo da Casa Real, na Vila do Mogadouro da Província de Trás-os-Montes, e de Pedro de Moraes e Ignez Navarro de Antas; que pelo dito Gonçalo Ribeiro Nilo, avô materno do suplicante, era bisneto de Francisco Ribeiro Gonçalves, e de D. Maria Gonçalves de Sousa; e pela dita D. Ana Maria Cordeiro, sua avó materna, era bisneto de Rafael de Oliveira Galhardo, Capitão Mor da Vila de Jundiaí da Capitania de São Paulo, e quarto neto de Jorge Moreira, que foi deste reino para a Capitania de São Vicente em 1531, e ali ocupou os cargos de Capitão Mor, Governador e Ouvidor da mesma Capitania, e foi tronco da família dos Moreiras de São Paulo.

Um escudo esquartelado; no primeiro quartel as armas dos Pretos, no segundo as dos Moraes, no terceiro as dos Lemes, e no quarto as dos Oliveiras. - Brasão passado a 30 de Abril de 1799. Registrado no Cartório da Nobreza. Livro VI, folha 77."

"Antonio Preto, de nobreza provada, natural de Portugal, que veio a S. Vicente com seus f.ºs na 2.ª parte do século 16.º(1), e prestou relevantes serviços nas guerras contra os gentios e corsários".(GP).

"Antonio Preto, lavrador de São Paulo e casado em Assunção"

* Jose Carlos Vilardava , Pós Graduação História - USP , 2010

Página 252 :

"De qualquer maneira , a ideia de que existia uma rede montada pelos negócios que envolviam este caminho (Guairá) não nos parece descabida. Dentre os tais proibidos , encontarmos alguns nomes originários de São Paulo. Gente da capitania como Antonio Preto , lavrador de São Paulo e casado em Assunção ; Amador Gomes Sardinha , que tinha mulher em São Paulo , contudo vivia em Maracayú ; Francisco de Saavedra , casado em Villa Rica ; Felipe Nunes , já citado aqui e que tinha uma neta em São Paulo ; Sebastião de Freitas , natural de São Paulo ; e Sebastião de Freitas , natural de São Paulo , dono de uma chácara em Salinas e viúvo depois de dez anos de casamento. Freitas fora aliado de Francisco de Souza e viera ao Brasil junto com Gabriel Soares. Mais um , portanto , que do ouro havia migrado ao mate. Além disso , Freitas reapareceu como um dos integrantes da grande bandeira de 1628 contra o Guairá , o que mostra que ainda preservou seus vínculos com São Paulo. Todas estas pessoas mantinham , a partir do Paraguai , contatos com a vila paulista e bem poderiam servir como agentes na rede comercial - e familiar - que foi montada em função deste trajeto. Rede esta que objetivava levar gente , estabelecer pontas e elos no comércio de erva e mercadorias , ou de descimento de gentios , e que tinha amplo sentido territorial. Tal rede não era , contudo , exclusivamente portuguesa , mas compreendia nitidamente elementos castelhanos".

"Antônio Preto. N. em Portugal. Veio para o Brasil na armada de Diogo Flores de Valdez, em 1582, como carpinteiro pago, tendo desertado para fixar-se na Capitania de São Vicente, onde se casou e teve os filhos Inocêncio, José, Manoel e Sebastião Preto. O nome de sua esposa não é conhecido. Exerceu cargos no Governo da Vila de São Paulo, onde dedicou-se ao cultivo da terra que possuía do lado do Jaraguá. Fal. após 1-DEZ-1610".

Conclusões :


* Este Antonio Preto que se casou em Assunção não pode ser o velho Antonio Preto (português) nascido em 1521 e falecido em 1608 , mas sim seu neto de mesmo nome , filho de Sebastião Preto.


Catharina Dias e seu marido Jose Preto deixaram os filhos seguintes :

    4 - Gaspar Cardoso Preto

    4 - José Preto

    4 - Paulo Preto

    4 - Francisco Preto Pimentel

    4 - Julianna Antunes , que segue no capítulo seguinte

    4 - João Vaz Cardoso


Capítulo IV - Juliana Antunes

Juliana Antunes foi casada com o capitão João Portes de El-Rei, natural de Portugal, de conhecida nobreza, segundo escreveu Pedro Taques: Tiveram os filhos seguintes :

     5 - Catharina Portes que foi casada com Simão da Cunha Gago, natural de Mogi das Cruzes, f.º de Antonio da Cunha Gago, o Gambetta, e de Martha de Miranda. Com geração no V. 5.º pág. 181.

     5 - Maria Portes de El-Rei casou com Bartholomeu da Cunha Gago, falecido em 1685 em Taubaté, irmão de Simão da Cunha do n.º precedente. Com geração no V. 5.º pág. 184.

     5 - Anna Portes de El-Rei, natural de Mogi das Cruzes, foi casada com Antonio da Cunha Gago irmão dos precedentes. Com geração no V. 5.º pág. 181.

Cap. João Portes de El-Rei, n. Portugal, morador em Mogi das Cruzes, sertanista que explorou grandes trechos do vale do Rio Paraíba, antes de 1674.


     5 - Thomé Portes de El-Rei , que segue no capítulo seguinte

Capítulo V - Thomé Portes de El-Rei

Foi casado com Julianna de Oliveira, falecida em 1728 em Taubaté, f.ª de Francisco Correa de Oliveira, natural de S. Paulo, e de Angela da Motta, n. p. de Francisco Correa e de Maria de Oliveira, n. m. de Simão da Motta Requeixo e de Maria Barboza; por Francisco Correa bisn. de Geraldo Correa e de Maria Soares. Teve 5 f.ºs:

Tomé Portes del Rei - natural de Mogi das Cruzes. Partiu de Taubaté, sendo responsável por uma das primeiras fixações populacionais de europeus ou paulistas na região do Rio das Mortes por volta de 1700, perto do futura cidade de São João del Rei. Era filho do reinol João Portes de El Rei e de Juliana Antunes filha de José Preto e sobrinha de Sebastião Preto, descritos por Silva Leme no Volume VIII, Pág 277, §5º, de sua obra.(ver.Genealogia Paulistana)
Repartida a jazida entre seus companheiros, taubateanos como ele, surgiu um importante acampamento, o arraial de Santo Antônio. Nos anos seguintes, outras minas foram achadas ali por perto e outros acampamentos surgiram, entre os quais o «arraial novo de Nossa Senhora do Pilar". Os vales eram ali mais amplos, abrindo-se em grandes planícies ou vargedos, as montanhas não eram muito diferentes.
Seu cunhado foi o bandeirante Bartolomeu da Cunha Gago. Tomé foi morto num levante de seus próprios escravos talvez em 1702 e sua viúva Juliana de Oliveira voltou a Taubaté, ali morrendo em 30 de janeiro de 1728.
Sua filha Maria Antunes Cardoso casou-se com Antônio Garcia da Cunha, paulista, filho de Garcia Rodrigues Muniz e de Catarina de Onhate. Este seu genro descobriu também ouro na região do Rio das Mortes, onde permaneceu de 1702 a 1704, fixando-se às margens do Rio das Mortes, no Porto Real da Passagem, pois com a morte do sogro o direito de cobrança passara ao genro. Até 1703 o povoado era ponto de ligação com os sertões de Caeté e a região das Minas Gerais do Carmo, Ouro Preto e Sabará. Capitão, morreria em Taubaté no ano de 1728 deixando geração. (descrito por Silva Leme no volume VII, página 458).
Cláudio Manuel da Costa dá-o como o descobridor do Rio das Mortes: "O Rio das Mortes, que os paulistas e viandantes das mais partes atravessavam frequentemente, nos primeiros tempos, por distar de Ouro Preto pouco mais de cinco dias de jornada, foi descoberto por Tomé Portes del-Rei, natural de Taubaté, muitos anos depois do descobrimento das primeiras povoações". (Dicionário Histórico Geográfico de Minas Gerais de Waldemar de Almeida Barbosa).

Por volta de 1702, orientado possivelmente por João de Siqueira Afonso, experimentado minerador, Tomé Portes encontrou ouro num córrego na margem direita do Rio das Mortes acima. Ali estabeleceu um segundo povoado, com a denominação de Arraial de Santo Antônio, mais tarde conhecido como Arraial Velho e elevado a vila - Vila de São José del-Rei (Tiradentes). Foi o primeiro ouro descoberto na região. Tomé Portes foi nomeado guarda-mor. Logo depois desses fatos, foi morto por alguns de seus escravos. (apud Taunay, 1981, p. 82).

Tendo sido comprovadamente o responsável pelo estabelecimento do primeiro núcleo de povoamento na margem esquerda do Rio das Mortes, Tomé Portes del-Rei, apesar de falecido antes da existência do Arraial Novo, é incontestavelmente o fundador de São João del-Rei. Seu povoado na vargem do rio e o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar desenvolveram-se e, com o passar dos anos, tornaram-se a São João del-Rei de hoje.

      6 -  João Portes de El-Rei, já falecido em 1728 casado com Catharina Bicudo f.ª de Manoel Rodrigues Moreira e de Maria Bicudo. V. 5.º pág. 438. Teve dois f.ºs:
      6 - Maria Antunes Cardoso, f.ª de 2-4, foi casada com o capitão Antonio Garcia da Cunha f.º de Garcia Rodrigues Moniz e de Catharina de Unhate. Com geração no V. 7.º pág. 458.
      6 - Margarida Antunes Cardoso casou 1697 em Taubaté com o capitão Antonio da Cunha Gago f.º de Jorge Dias Velho e de Sebastiana de Unhatte. Com geração no V. 7.º pág. 467., que segue no capítulo seguinte
      6 - Leonor Homem de El-Rei foi casada com o sargento-mor Miguel Garcia Velho irmão de Antonio da Cunha Gago do n.º precedente. Com geração no V. 7.º pág. 469.
      6 - Francisco Homem, último f.º de 2-4, faleceu solteiro.

Capítulo VI - Margarida Antunes Cardosa

Margarida foi casada em Taubaté em 1697 com o Capitão Antonio da Cunha Gago , filho do Capitão Jorge Dias Velho e de sua mulher Sebastiana de Unhate , deixando , pelo menos , a filha Juliana de Oliveira Cunha , que segue no próximo capítulo.

Capítulo VII - Juliana de Oliveira Cunha

Natural de Taubaté , falecida em Aiuruoca , MG , em 1776 , foi casada com o Cap. Leandro de Campos e Silva , natural da Freguesia de São Nicolau, Porto, Portugal , nascido aos 18/061702 e batizado aos 22 do mesmo mês e ano , falecido em 1776 em Aiuruoca , MG , filho do Cap. Mor Manoel de Campos Braga e de sua mulher Maria da Silva da Trindade , cuja família segue através do Capítulo III do blog do Capitão Mor Manoel de Campos Braga no endereço : http://manoeldecamposbraga.blogspot.com.br/

Fotos no rodapé